A equipe do Instituto BW ( @institutobw ) e o Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos (GEMMLagos), com apoio da Secretaria de Meio Ambiente, Guarda Ambiental Marítima de São Francisco de Itabapoana estão monitorando desde quarta-feira (20/09) uma baleia-jubarte (Megaptera Novaeangliae), que encalhou na praia de Guaxindiba, em São Francisco de Itabapoana. O monitoramento acontece para que seja possível a realização do exame necroscópico e o enterro do animal.
A baleia-jubarte em questão é um macho, de 14,80 metros pesando aproximadamente 47 toneladas. As baleias-jubarte realizam extensas migrações anuais entre áreas de alimentação nos pólos, ou seja, em águas frias e ricas em alimento, para áreas de reprodução, e cria de filhotes em águas mais quentes, onde os filhotes ganham peso e tamanho para retornarem aos pólos. A migração ocorre de maio a novembro, com picos em junho, julho e agosto, quando passam bem próximas à costa.
Após uma redução drástica das populações em função da caça, quando menos de 1.500 baleias podiam ser encontradas na costa brasileira nos anos 70, essa população vem se recuperando e hoje alcança mais de 25 mil baleias. Inevitavelmente algumas vão acabar encalhando devido a causas naturais ou ações antrópicas, como poluições química e sonora.
Segundo o professor Salvatore Siciliano, do GEMMLagos, machos adultos migram para as áreas de reprodução em busca de fêmeas maduras. As fêmeas férteis apresentam um ciclo muito curto então eles precisam aproveitar esse período para fecundar as fêmeas. Machos adultos formam grupos competitivos, ou seja, seguem uma fêmea madura para tentar copular com ela. Nesse caso, competem pelo acesso, ou maior proximidade das fêmeas, o que acontece entre muitos empurrões, batidas de cauda, das nadadeiras peitorais, e saltos.
E, de acordo com o mesmo pesquisador, o exemplar em Guaxindiba é um macho adulto, provavelmente com o máximo do comprimento que ele pode atingir, tendo já uma certa idade. As fêmeas são um pouco maiores.
De acordo com a médica veterinária Paula Baldassin, do Instituto BW, o exame necroscópico é fundamental para que seja possível entender o que levou o animal ao óbito. Mesmo o animal estando em avançado estado de decomposição, muitas vezes conseguem coletar informações importantes.
O GEMM-Lagos e o Instituto BW realizam o projeto de monitoramento de praias no Estado do Rio de Janeiro que faz parte das exigências estabelecidas pelo processo de licenciamento ambiental federal da Agência Nacional do Meio Ambiente (Ibama), para exploração de óleo e gás pela Petrobras na Bacia de Campos área do pré-sal.
A organização não governamental Instituto BW para a Conservação e Medicina da Fauna Marinha (IBW) foi criada em janeiro de 2020, por um grupo de quatro profissionais, pela necessidade de atendimento médico veterinário aos animais selvagens, muitas vezes causados pela ação antrópica (humana); mas também pela falta de atividades de educação ambiental voltadas para a população local da região. Numa época de grandes desafios como a crise econômica e COVID-19, a criação da ONG e seus trabalhos persistiram em prol dos seus objetivos. O Instituto BW tem por objetivo incentivar, promover, desenvolver e apoiar a pesquisa, educação, medicina veterinária e a conservação ambiental.
O Grupo de Estudos de Mamíferos, Aves e Répteis Marinhos e Costeiros da Região dos Lagos (GEMM-Lagos) foi fundado em 1999. A finalidade do GEMM-Lagos é o desenvolvimento de programas de pesquisa científica e educação ambiental relacionado à conservação e manejo das espécies de mamíferos, aves e répteis marinhos, assim como de seus ambientes naturais (oceânico e costeiro). Atualmente, é coordenado pelo Dr. Salvatore Siciliano.
Fonte: Instituto BW / Portal Serra News